Da queda para o topo do mundo

Em dezembro de 2007, os corinthianos choravam ao ver o time ser rebaixado para a série B. Cinco anos depois eles choram de alegria pela conquista do Mundial de Clubes da FIFA. Em meia década o Corinthians mudou completamente de patamar, passou de um clube desorganizado e sem estrutura, para um clube com CT, estádio, Libertadores e Mundial.

Corinthiano lamenta a queda do time para a Série B

Toda essa mudança começou durante a série B. A equipe comandada por Mano Menezes foi abraçada pela torcida que não desanimou nem após a derrota na final da Copa do Brasil para o Sport. O Corinthians “varreu” a segunda divisão, deixando claro que 2008 era apenas uma passagem para o reerguimento de um dos maiores clubes do Brasil.

No ano seguinte chegou um divisor de águas para o Timão: Ronaldo. Na época muitos desconfiavam do desempenho que o atacante teria dentro de campo, era comum comentaristas acharem que ele viria apenas para vender camisas. Ele vendeu camisas, foi um fenomenal golpe de marketing, deu ao clube a visibilidade fora do país que ele jamais teve e ainda foi excelente em campo. Os últimos suspiros da carreira do fenômeno ajudaram o Corinthians na conquista do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil.

Ronaldo foi um sucesso dentro e fora de campo

Chegou o ano de 2010, um ano de modificações para o clube. Após a queda de Dunga, Mano Menezes deixou o Corinthians para assumir a seleção brasileira e Adílson Batista assume o Timão. Não seu certo para ninguém. Após uma sequência de 5 jogos sem vitórias Adílson deixou o clube, sendo substituído por Tite. Com Tite no comando, o Corinthians se manteve instável durante o brasileirão e após derrota na última rodada para o Goiás conseguiu apenas uma vaga na pré-libertadores, onde enfrentaria os venezuelanos do Tolima.

Óbvio que o Corinthians iria atropelar o Tolima. Era o que todos pensavam, foi o que não aconteceu. Após empate sem gols em São Paulo e derrota por 2×0 na Venezuela, o Corinthians sofreu um dos maiores vexames da sua história. Na volta ao Brasil o time foi recebido sob a revolta da torcida que apedrejou os carros dos jogadores e do técnico Tite.

Tite foi mantido e montou o time que conquistaria o Brasil a América e o mundo

Era hora de mudar. A saída de Tite era dada como certa, entretanto o presidente do clube, Andrés Sanches, decidiu pela permanência do treinador, escolha muito criticada que mais tarde se mostrou a mais correta. Logo o foco da derrota diante do Tolima foi transferido para o anúncio da aposentadoria de Ronaldo, dando mais tranquilidade para que Tite montasse a time que se tornaria campeão brasileiro em 2011.

Chegou 2012. Poucos imaginavam que esse seria o ano mais vitorioso da história do Corinthians. O time montado em 2011 por Tite manteve a pegada e passou com facilidade pela fase de grupos da Libertadroes. Mas algo ainda não estava encaixado perfeitamente na engrenagem corinthiana, o goleiro Julio Cesar excelente na conquista do brasileiro do ano anterior, passava por um momento ruim e não contava com a confiança da torcida. Tite então decidiu promover a entrada de Cássio no gol alvinegro. Sua melhor decisão como treinador do Corinthians. Cássio foi excelente no restante da Libertadores, com direito a uma espetacular defesa em chute de Diego Souza nas quartas de final diante do Vasco. Após eliminar o time carioca, o Corinthians passou pelo Santos de Neymar e pelo Boca Juniors de Riquelme sem sofrer muito, e conquistou a América.

Cássio defende o chute de Diego Souza que eliminaria o Corinthians da Libertadores

Santos de Neymar, Boca de Riquelme, Coritnhians de… Corinthians de quem? Talvez esse seja o grande mérito do Corinthians. O time conta com grandes jogadores, mas se um deles não joga, o time não tem uma queda drástica de desempenho. O Corinthians montado por Tite se caracteriza pelo conjunto extremamente forte, o que se provou no Mundial de Clubes da FIFA.

Na final do mundial, diante do Chelsea, o conjunto corinthiano mais uma vez mostrou sua força, e diante do Chelsea repetiu o roteiro que cansou de executar na Libertadores. Com uma defesa sólida, segurou a pressão do time inglês, e em uma das oportunidades de gol que teve, conquistou o mundo na cabeçada de Paolo Guerrero. Se o Corinthians faz um gol, quase sempre a vitória é certa, ainda mais com um desempenho perfeito do goleiro Cássio que evitou o gol em, no mínimo, três chances claras do Chelsea.

E o mundo ficou preto e branco.  Um marco na história do clube, um título que deixa o Corinthians ainda maior. O Corinthians hoje tem um time digno do tamanho do clube e não será surpresa se esse time tornar o clube ainda mais vitorioso. O ano de 2012 foi excelente, 2013 tem tudo para seguir o mesmo caminho. Atualmente, não há limites para o Corinthians.

Jogadores comemoram a conquista do mundo

O duelo de Xadrez entre Corinthians e Chelsea no Mundial de Clubes

Não há mais espaço para zebras. Chelsea e Corinthians confirmaram o favoritismo e farão a final do Mundial de Clubes da Fifa no próximo dia 16, domingo, às 7h30, horário de Recife. O Timão, mesmo com maior posse de bola e movimentação, penou para superar o Al Ahly; já o Chelsea venceu o Monterrey com sobras. Antes do Mundial dizia-se que o Corinthians vinha em melhor fase e conjunto mais entrosado. Já os Blues vinham em péssima fase e com o time despedaçado. Após a vitória de 3 a 1 sobre o Sunderland, pela Premier League, o “monstro” foi criado. Seria a má fase do Chelsea um engodo? O Corinthians não seria mais favorito? Não para as duas coisas.

Duelo chave nos espaços curtos

É inegável que o momento do Corinthians é melhor. O time é consistente, tem um padrão tático definido no 4-2-3-1 e Guerrero finalmente encaixou. A força da equipe vem do coletivo, por mais clichê que isso soe. Emerson é o fiel (sem trocadilhos) da balança. Acreditando na movimentação do atacante e em sua estrela em decisões, Tite o escala à frente de Danilo e Douglas e atrás de Guerrero, preenchendo o espaço entre os volantes do Chelsea. Rafa Benitez viu isso e escalou David Luiz na cabeça-de-área pela primeira vez. O brasileiro fez ótima partida contra o Monterrey e deve ser mantido na posição ao lado de Obi Mikel. A proteção à zaga será feita pelos dois. Mas o maior problema dos Blues está nas laterais, que sobem pouco e dão espaços.

Ashley Cole e Azpilicueta

Com as subidas de Hazard e Mata para preencher o ataque e ajudar Fernando Torres, as laterais ficam abertas e os alas sobrecarregados. O lateral espanhol tem pouco poder defensivo e Ashley Cole não tem mais gás para acompanhar Emerson e Paulinho, que cairão pelas duas laterais em momentos distintos do jogo. Com um atacante atuando definitivamente como pivô (Guerrero) e um jogador em grande fase como elemento surpresa tanto na bola aérea quando pelo chão (Paulinho), o Corinthians terá de explorar os lados do campo, que certamente estarão menos congestionados. O Sheik e os laterais terão de brilhar. Mas e os problemas do Timão?

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O buraco dos volantes

Ralf e Paulinho são o motor ofensivo do time do Corinthians. Marcando com qualidade e saindo em velocidade para o jogo, os jogadores deixam espaços. A recomposição defensiva do time é lenta. Isso é perigoso exatamente contra um time que tem no contra-ataque sua principal arma. Hazard e Mata são jogadores técnicos e de velocidade. Tite terá de frear as subidas dos defensores, principalmente de Ralf, que tem maior poder destruidor do que Paulinho. Gramado em perfeitas condições e contragolpe do Chelsea podem ser mortais.

Quem pode decidir

Dentre todos, quatro jogadores podem decidir a partida. Deles, dois brasileiros: Oscar e Hazard pelo Chelsa; Guerrero e Paulinho pelo Corinthians. Os meias dos Blues se entenderam rapidamente. De características semelhantes (dribles curtes, passes rápidos e arremates de fora da área) podem confundir a marcação do Corinthians trocando de posição. Ralf será fundamental na consistência defensiva. No time paulista, o “conhecido” elemento surpresa – que ninguém consegue marcar – e o homem de referência serão primordiais na manutenção da posse da bola, na jogada área e nos arremates. Paulinho é o quarto atacante do Corinthians.

E você, qual seu palpite?

Destaques do Brasileirão: Volantes

“Cães-de-guarda”, “cadeados”, “ferrolhos da defesa”. Algumas das alcunhas e, na teoria, atribuições dos volantes dentro de qualquer time. A marcação é essencial em todo esquema, por mais ofensivo que seja, e dispor de boas peças na cabeça-de-área alivia a pressão sobre a zaga e o goleiro. Ter qualidade na saída de bola também se mostra essencial, haja vista a necessidade de auxiliar os armadores na criação de jogadas. Em síntese, tal posição é o eixo do time. A seguir, a continuação do elencamento dos jogadores-destaque durante a edição de 2012 do brasileiro.

 

 

– Paulinho (Corinthians)

Com sobras, o melhor do setor. 2 Bolas de Prata consecutivas fazem de Paulinho o cabeça-de-área brasileiro de mais destaque atuando no país. Ao lado de Ralf, o Corinthians tem uma dupla de volantes qualificada, pegadora, vigorosa e com muito fôlego. Ficou conhecido ao se destacar pelo Bragantino. No clube de Bragança Paulista, foram 46 partidas disputadas e 14 gols marcados, marca excelente pra alguém da posição. Em 2010, o Timão cresceu os olhos sobre seu futebol e o contratou. No time da capital, decolou e hoje, aos 24 anos, é absoluto na meia cancha do alvinegro, tendo também faro de artilheiro. Por merecimento, conquistou uma vaga, no mínimo de reserva, na Seleção Brasileira com Mano Menezes, resta saber se continuará tendo chances com Felipão. A depender do seu desempenho, não é muito difícil.

 

Paulinho

 

– Ralf (Corinthians)

Um dado curioso: ambos os volantes titulares do Corinthians têm a mesma estatura: 1,82m. Não que isso seja de fato importante, mas, no conceito de “marcadores modernos” que se vê por aí, altura é um fator que teoricamente se encaixa.  Viril, porém leal, e vigoroso, Ralf se pôs como destaque do campeonato, ainda que tenha sido relegado à sombra do crescimento do seu companheiro de posição. Vem de temporadas firmes e estáveis pelo seu time e até está durando bastante dentro do Brasil, já que foi alvo de interesses vindos de diversas partes da Europa.

 

Ralf

 

– Jean (Fluminense)

Cria do São Paulo, já rodou pelo interior paulista e por Portugal, até chegar no tricolor carioca. Nas Laranjeiras, contribuiu e muito para a conquista do tetracampeonato, tanto que foi do seu pé que saiu a assistência para o gol de Fred, que empatou a partida em 3×3 contra o Palmeiras, decretando o título para o Fluminense com antecedência. Rápido e versátil por atuar também na lateral-direita, Jean compensa sua baixa estatura com agilidade e muito bom toque de bola.

 

Jean

Cobiçado por toda a Europa, surge a pergunta: quem é Willian Borges da Silva?

Quando é aberta a janela de transferências, seja no meio ou no começo de cada temporada na Europa, algumas perguntas surgem de forma imediata:

1) Quem PSG e Manchester City irão contratar?
2) O Milan vai anunciar um lateral direito?
3) Willian vai continuar no Shakhtar?

Esta última é a mais relevante. Mas afinal, quem é Willian Borges da Silva? Quando se pensa em 2007, em relação ao Corinthians, a única associação que se faz é o rebaixamento do clube à Série B. Naquele ano, porém, o técnico Emerson Leão apostou em um jovem jogador da base do Parque São Jorge. E após quase oito anos nas divisões de base do time paulista, Willians chegou ao time profissional. Menos de um ano depois, com menos de 50 jogos pelo time de cima, o meia foi vendido ao Shakhtar Donetsk por 19 milhões de dólares.

Willians tem mais de 200 jogos pelo time do Shakhtar

Após um período curto de adaptação, o jogador explodiu: de habilidoso dos times de Corinthians, somou-se um jogador objetivo, com alto poder de finalização e titular absoluto do clube de Donetsk. Depois de adquirí-lo por 38 milhões de reais, o Shakhtar já recusou oferta de 82 milhões, feita pelo Chelsea. Para se ter uma ideia, o valor é maior do que o pago por Oscar, que vem brilhando na equipe de Di Matteo. Daquele time recheado de brasileiros que começou a ser formado em 2007, Willian é o maior investimento feito pelo time da Ucrânia até hoje. E como o dono é um dos mais ricos industriais da Europa, não é fácil tirar o brasileiro de lá.

Eleito o melhor jogador do Campeonato Ucraniano por três anos seguidos, Willians é hoje uma das joias da Europa, cobiçado por Paris Saint-Germain, Real Madrid e Barcelona, além do Chelsea e da Juventus. Alardeando aos quatro ventos que quer ir embora do Shakhtar para brilhar em um clube mais expressivo, o meia canhoto é sempre assunto no mercado de transferências. A mudança para um centro maior pode definir o futuro de Willians. Se ele é de fato um jogador acima da média, ou se se destaca apenas em competições de menor porte.

Willian vem brilhando na Liga dos Campeões da UEFA

Alheio a isso, o jogador vive o melhor momento da carreira. Suas apresentações estelares na Liga dos Campeões o fazem ter uma média maior do que a de Messi , em análise feita pelo site da UEFA. Willians tem média 7,7 contra 7,6 do argentino. Não se pode cravar em quanto tempo – nem se – o jogador deixará a Ucrânia, mas depois de 201 jogos e mais de 40 gols, em mais de cinco anos de contrato (com dois ainda por cumprir) Willian parece escapar ao clichê de ter de “buscar novos ares”. A pergunta não é mais sobre quem é esse meia esquerdo de 24 anos, e sim que artigo será usado antes de seu nome. “Um” ou “o”.

Fórmulas, modelos, sistemas

O futebol sempre gera debate entre os aficcionados. Uma das discussões recentes, sempre gerando rusgas, é sobre qual é a melhor fórmula para a disputa do Campeonato Brasileiro. Até 2002, o mata-mata, com suas inúmeras variantes, era a lei. Para o ano seguinte, foi determinado que seriam adotados os pontos corridos. Muitos retorceram a cara.

 

 

Para os defensores ferrenhos do sistema de eliminação, a falta de uma fase final, de um confronto entre dois times, tira a emoção do principal torneio do país. No momento da troca, pensava-se que os estádios supostamente ficariam mais vazios, não havendo motivação para o torcedor comparecer em todos os jogos, ou em pelo menos na maioria deles. A visibilidade na mídia seria menor e os patrocinadores se afastariam. O desgaste de tantos jogos ao longo do ano, contando-se com as outras competições, seria enorme para os jogadores, ocasionando redução no desempenho dos atletas. O campeonato ficaria absolutamente sem graça para quem é a favor do mata-mata.

 

Robinho pedala à frente dos marcadores corinthianos na final de 2002, último ano do ‘mata-mata’.

 

É inegável que um certame no qual se enfrenta uma final tem um brilho diferente. É o confronto direto, em teoria, entre os dois melhores combatentes, que fizeram a melhor campanha, em uma chave única. Há quem diga que isso seria o mais justo. Porém, é aí que reside um argumento clássico e universal: futebol não é justo, pelo menos não 100% das vezes. Lances fortuitos podem mudar radicalmente o rumo de uma partida que parecia fácil e resolvida. Ou seja, cai por terra o inocente ponto de vista da justiça e equidade no esporte bretão.

 

Objeto de desejo dos times da Série A.

 

O tempo cuidou de revelar o equívoco. Pois sim, os pontos corridos são um sucesso, embora tenham demorado a engrenar e ainda não o tenham feito em sua totalidade. Os primeiros anos do novo sistema foram complicados. Alguns campeões erguiam a taça com antecedência, após dispararem na classificação, deixando os outros times comendo poeira. O Cruzeiro de 2003, com Vanderlei Luxemburgo no comando, é o principal exemplo. É claro que era um belo time, maestralmente regido pelo excepcional camisa 10 Alex e consequentemente quase chegando ao ponto de ser imbatível. Foi avassalador, atropelando adversários e terminando a Série A com 13 pontos à frente do Santos, segundo colocado e campeão no ano anterior. Era um prato cheio para os críticos do recém-adotado modo de disputa. Em 2004 houve um princípio de balanceamento entre as equipes, já que o Atlético Paranaense liderava até a penúltima rodada, quando foi ultrapassado pelo Santos de Robinho.

 

Alex, craque do campeonato de 2003.

 

Trouxe-se de volta o posicionamento de desnível por causa do São Paulo, que conquistou 2 taças seguidas folgadamente, jogando um futebol “careta demais”. Na terceira houve uma disputa mais difícil com o Grêmio, o que poderia dar impressão de que as coisas estariam mudando, mas que não ocorreu por ter sido o mesmo time, com o mesmo futebol. 2009 foi o ano da mudança. O Flamengo levou o troféu, deixando de lado uma certa hegemonia dos clubes paulistas. Foi a edição em que o ‘imperador’ Adriano recuperou um bom futebol, formando uma forte dupla de ataque com Emerson, o ‘Sheik’, sendo servidos pelo craque sérvio Petkovic. A apertada pontuação final dentro da zona de classificação à Libertadores mostrou a equiparação e o acirramento do modelo, que se mantiveram pelos campeonatos seguintes.

 

Dagoberto, passagem pelo São Paulo entre 2007 e 2011. Bicampeão brasileiro.

 

Atlético Mineiro 3×2 Fluminense, pela 32º rodada de 2012, está aí para comprovar o êxito da receita. Amplamente utilizada em todo mundo, se for bem aplicada é certeza de bom negócio. Este jogo, que marcou o embate entre os duas melhores campanhas numa ‘final antecipada’, foi emocionante, uma disputa memorável, com direito a craques decidindo o resultado e um público grande assistindo a uma bela exibição. Digna de se aplaudir em pé.

 

Ronaldinho Gaúcho, do Atlético Mineiro, disputa bola com Digão, do Fluminense. Duelo entre os líderes do campeonato.