Nesta semana foi anunciado o novo capitão da Seleção Inglesa. Trata-se de Wayne Rooney, atacante e principal jogador do Manchester United. E o que isso teria demais? Aqui no Brasil, sem dúvida, nada. Afinal, a faixa de capitão no nosso país e na Europa possuem pesos completamente diferentes, tanto nos clubes quanto nas seleções. Na verdade, enquanto no velho continente aquela pequena faixa no braço traz prestígio e confiança, no Brasil virou status social ou permissão para ser mal educado.
Fazendo um paralelo com dois casos: a contratação de Ronaldinho Gaúcho pelo Flamengo; e a aposentadoria de Maldini no Milan. Quando o jogador foi anunciado no clube carioca, fez-se todo aquele escarcéu. Afinal, era uma das maiores estrelas do futebol recente. Rapidamente, sem nem conhecer boa parte de seus companheiros de elenco e ainda fora de forma, Ronaldinho recebeu a faixa de capitão. Dizia-se que era justo em virtude da influência do mesmo com a arbitragem e da liderança natural que tinha. Após poucos ótimos jogos e problemas com salários, Ronaldinho foi embora. Um capitão, o mais representativo jogador em campo, foi embora pela porta dos fundos, sem qualquer memória. Sem nada.
Na Europa é um pouco diferente. Maldini teve mais de 16 anos de Milan. O jogador que mais vezes vestiu a camisa do rossonero; sinônimo de excelência, educação, técnica e cordialidade. Todos confiavam nele, todos sabiam que poderiam contar com ele. Quando o jogador se aposentou, a faixa seguiu seu curso normal por aquelas bandas: passou para o segundo jogador mais velho do elenco: Ambrosini. Quando saiu, Maldini sugeriu que Kaká fosse o novo capitão. O brasileiro era um dos líderes do elenco e vivia espetacular fase técnica. Mas não foi o suficiente. É mais que isso: é entender o que é aquele clube. Isso não vale apenas para o Milan: vale para boa parte dos clubes europeus.
Por isso, quando foi feito o anúncio de Rooney como novo capitão, este foi feito pela FA – a associação que comanda o futebol inglês. Imagine a CBF marcar uma coletiva com Mano Menezes apenas dizer que a braçadeira de capitão mudou de mãos. Estranho? Pois na Europa o capitão é mais do que um jogador que pode gritar com o juiz e que tem regalias no clube. Ele tem tal faixa por ser parte do clube; e não simplesmente por estar nele. Ronaldinho, por sinal, já foi capitão do Atlético-MG em algumas rodadas. Conhece muito o time mineiro.