O Real Madrid bateu o Levante no último domingo (11), por 2 a 1. O gol da vitória dos madridistas foi marcado por Morata, jovem atacante oriundo de La Fábrica, denominação das categorias de base do Real. Um fato raro, já que nos últimos anos o Real se caracteriza por investir alto em contratações e deixar a base de lado.
Enquanto o rival Barcelona recorre frequentemente a La Masía – local de formação das categorias de base do time – “dando minutos” a jogadores como Tello, Thiago, Pedro, Cuenca e Montoya; o Real custa a dar oportunidades aos jovens canteranos. Além disso, diferente do recente histórico do Madrid, o Barcelona tem a cultura de valorizar os jogadores criados em seus domínios. Esses garotos que hoje dispõem de alguns minutos, tem como exemplo: Xavi, Iniesta, Messi, Puyol e Valdes, totalmente identificados e completamente vitoriosos com o a camisa azul grená.
No caso do Real, desde a saída de Raúl, resta apenas Iker Casillas como símbolo da categoria de base merengue e inspiração para os canteranos. Morata, com o gol de domingo, ganhou um destaque raro para um jogador formado em La Fabrica, e não será surpresa se após mais uma ou duas temporadas, ele seguir o caminho de outros jovens promissores que não tiveram a paciência da equipe madrilenha.
Alguns jogadores encontraram em outros clubes a oportunidade de mostrar o talento que o Real Madrid não quis esperar para ver. Samuel Eto’o é um exemplo. Atuou pelo time B do Real, e teve chance de disputar apenas três partidas pelo time profissional, até ser emprestado e vendido ao Mallorca. Do Mallorca foi vendido ao Barcelona, onde se transformou em um dos melhores atacantes do mundo, posto mantido na sua passagem pela Inter de Milão.
Ainda falando de canteranos, Soldado e Negredo foram embora jovens do Real, e não cansam de marcar gols por Valência e Sevilla, respectivamente. Mais recentemente, o meio campo Javi Garcia, após temporadas bem sucedidas no Benfica, se transferiu para o Manchester City. E ainda existe o caso de Juan Mata, um dos principais jogadores do Chelsea, que não era visto como um jogador com potencial para o Real Madrid.
Essa é mais uma diferença entre Real e Barcelona. Enquanto na capital espanhola, não se tem paciência com os jovens, e um gol “vindo” de La Fabrica é fato raro; na Catalunha, durante esta temporada, Tito Vilanova já escalou o Barça com 10 jogadores titulares “feitos” em La Masía e tem tudo para realizar algo histórico: escalar um time titular inteiro de canteranos.